28 de fevereiro de 2016

Dormir

Ele disse-me "Vai dormir"

Se ele soubesse o quão complicada é essa tarefa. O quão dolorosa se torna de dia para dia.

Ele não me mandaria fazê-lo, por ser meu amigo ele pouparia-me de tal ato.

Mas, pela minha natureza, necessito fazê-lo. Custe o que custar.

Uma gota de coragem,

e outra de lágrima..... 

Recomecei o começo tantas vezes que já lhe perdi a conta, decidi então começar por dizer que recomecei. 

Talvez devesse mudar o nome deste cantinho para "Desculpas sem fim" porque a maior parte do que escrevo são pedidos de desculpas. Não tenho coragem para fazê-los face to face , sou fraca.

Todos os dias são um começo. E eu começo sempre da mesma maneira errada. O medo consome-me e leva com ele tudo o que poderia tornar um dia bom. O medo fica comigo, e esqueço-me de trocá-lo pela força que Ele me dá. 

Sinto-me a perder e a ganhar. Sinto-me dentro de um jogo onde nem tenho a oportunidade de lançar o dado. Sinto que a minha jogada está a ficar cada vez mais fraca. 

Sinto que te perdi. Sinto que te estou a perder. Sinto que eu estou no fim do jogo e tu no começo. Sinto que não sei virar o jogo. Sinto, mas não sei se sinto. 

Sinto que te devo um pedido de desculpas. 

Quando nos reencontramos, abraças-me como se tudo estivesse bem. O meu coração congela, e eu não consigo sentir nada. Nem a saudade. Nem o amor que tinha. Sinto-te a ti, apertado a mim. E eu, inútil. 

Desculpa. 

Não é fácil viver assim. Também te queria abraçar como se tudo estivesse bem. Mas eu não consigo, não enquanto as coisas estiverem assim.

O meu desejo é que consiga, tão pura e simplesmente amar-te com a mesma sinceridade com que o fazes.

Um dia eu conseguirei, até lá, inutilmente desculpo-me por letras, com o alivio de saber que não lerás isto.

Eu amo-te. 

Eu nunca sei.

Eu nunca sei o que realmente se passa, 

Sinto que estou a chegar ao ponto em que nem a escrita suporta a dor, em que nem mesmo ela consegue descrever todo o sentimento envolvido. 

Sabem quando num instante colocamos os fones arrumados no bolso, e noutro tiramos para fora e estão todos enrolados, e temos que dedicar umas horas para os conseguir desenrolar? A minha vida (e provavelmente a de outros) é assim. 

Temos direito a cansarmos-nos? Se não temos, estou prestes a fazê-lo. Azar! E esse também fica para mim, como na maior parte das vezes. 

Eu ainda não me cansei de tentar ouvir o que Deus tem para mim, duvido que um dia me canse disso. Mas estou fraca para o conseguir fazer. Não consigo simplesmente. Tão simples e complicado ao mesmo tempo. Não consigo perceber mil e uma coisas da Sua natureza, e eu sei que jamais irei perceber enquanto estiver nesta terra, mas também sei que se não me esforçar para tentar buscar a Sua vontade nunca irei ter respostas pois nem sequer terei o privilégio de entrar no Reino dos Céus. É assustador? Bastante. Encorajador? Também.

Acredito que Ele me deu esta família, esta história de vida e esta personalidade. E com a melhor das intenções. Mas que é complicado juntá-las e viver diariamente com elas, isso é.  

Não consigo perceber de que forma Ele acha que consigo juntar as peças do puzzle e formar algo que seja digno dEle. Não consigo perceber. 

Não é tudo o que quero ou preciso dizer, mas é o que consigo de momento. No meio de um vazio dorido, é isto.