29 de junho de 2014

Para um príncipe

Talvez nos antigos diários eu pudesse escolher uma folha azul, toda perfumada com aquele cheirinho de bebé que todos querem manter por perto. Hoje esses diários não existem mais , mas posso dizer que a vontade de ter esse cheirinho perto de mim continua.


Talvez aqui eu pudesse escrever mil e uma palavras, ou até mais, só para dizer o quanto eu sinto a tua falta. Pensei numa carta emocionante cheia de coisas bonitas. Mas nada é suficiente para poder mostrar seja a quem for o quanto eu fico mal por não puder estar contigo.
Talvez apenas eu e tu possamos entender estas cartas. As tuas ainda não pois és pequeno. Mas pequenos gestos teus fazem-me acreditar que as tuas saudades também apertam. Apertam muito. E eu queria poder parar essa dor. A tua.  E a minha.
A ultima vez que decidi visitar a antiga cidade, onde tu estás a viver com o papá, foi surreal.
Eu pensei que tudo pudesse acontecer, pensei em coisas maravilhosas, aqueles reencontros dos filmes amorosos, das novelas, dos livros. Mas foi melhor ainda. Porque era o nosso momento. E era verdadeiro.
Desci do autocarro após umas longas e demoradas três horas de viagem. Não vejo ninguém conhecido.
Olho para o fundo e do nada, solta-se um arrastado grito "Mana!" e vejo um ser minúsculo a correr em minha direcção, já de braços abertos à espera de serem fechados num longo abraço. Corri na mesma direcção. E quanto senti finalmente o teu toque, sussurrei-te no ouvido "Pequeno!" . Foi melhor que qualquer filme que já tinha visto, melhor que qualquer novela que assisto junto da nossa avó, melhor que qualquer livro. Foi melhor que tudo. Foi só eu e tu. Foi a perfeição . Foi a dor da distância que estava finalmente a ser apagada dos nossos corações.
(...)
Consegues lembrar-te de quando os pais diziam para deixarmos as brigas e aproveitar-mos o tempo juntos? As conversas que nem sei qual de nós tinha menos paciência para ouvir. Hoje desconfio que eles tinham mesmo razão.
Só queria ter descoberto isso de outra forma.
(...)
Meu anjo!
Passava os dias a brincar ás escolinhas, e sonhava o dia em que entrasses para o Ensino Primário para te poder ajudar com os deveres de casa. Perdi tudo isso. Custa-me imenso saber que perdi o teu pulo para o mundo das responsabilidades. O mundo dos crescidos, onde temos que aceitar as ordens de superiores. E tu entendes muito bem isso agora. Na verdade acho que entende já bem antes disso.


Fotos destas antigamente não tinha a menor importância, todos os dias nos víamos, e tínhamos de olhar para a cara um do outro, hoje só te posso ver através delas. Irritada por não ter tirado muitas mais.
Talvez agora para leres esta carta demores um dia inteiro, já que a tua leitura soletrada não permite mais rápido. Mas espero que a possas ler. E guardá-la para ti. Queria poder escrever uma carta , contando que hoje brigámos, ou que fizeste birra para não fazer os trabalhos, ou porque não querias comer, ou porque simplesmente sim! Mas não, estou a escrever por não conseguir ter isso, ver, ouvir, não poder ouvir um "Amútiii" ou apenas receber um abraço depois da escola.

"Nenhuma distância é longa demais para separar um amor que nasceu não do físico, mas da alma que une corpos e sonhos mesmo á distância."

27 de junho de 2014

E hoje eu sonhei

E hoje eu sonhei ... mas não durante a noite.
Saí do trabalho eram umas duas da tarde, decidi que talvez eu não queria ir para casa já , fui então a um jardim que ali há pertinho, ás vezes isto faz-me bem, quando a cabeça anda a mil .
Sentei-me lá em qualquer banco , até porque estava quase vazio, ali era apenas eu , os bancos , a relva, e os passarinhos (tirando as formigas que teimavam em andar em cima do meu pé) . Eu estava bem ali, e nem ia com intenções de fazer nada mesmo . Olhei assim meio de repente para o nada, nem me lembro sequer , e mil e uma coisas pela cabeça. Assuntos bem recentes, que não me largam.

E sonhei.

Sonhei com uma chegada ao aeroporto, sonhei com palavras .... um "Pequena!" e um "Anjo!" bem fortes vindos assim de um corredor longo, e terminando num abraço forte.

Olhando para isso eu até poderia imaginar-me a mim e a um loiraço (no caso namorado) , mas não! Seria apenas eu e uma amiga.

O destino nunca me quis trazer grandes amizades que estivessem perto de mim, e desta vez foi lá do outro lado do mundo. Brasil.

Nunca eu pensei que poderíamos um dia nos conhecer pessoalmente. Na verdade eu ainda penso que isso é impossível. Parece tudo um pouco surreal. Sabem quando as amizades parecem perfeitas demais? Parece que há algo que vai dar errado. Eu tenho medo que o "errado" seja o "distantes para sempre" .

Mas eu nunca sonhei connosco assim separadas, sei lá , uma história de amizade mesmo à distância. Sonho sempre connosco juntas, ora no aeroporto, ora a passear, ora a desabafar, ora a qualquer coisa, menos distantes. Os sonhos podem mesmo tornar-se realidade? Ou não passarão de sonhos! Independentemente da resposta a essa pergunta (Se é que tem!) eu quero acredita que um dia nós nos conseguiremos ver. Na verdade ver não! Tocar! Porque ver vejo-a eu quase todos os dias , aliás foi para isso que criaram o skype e tecnologias assim.

Talvez um dia esse dia chegue, talvez esse dia esteja perto. Ou talvez não tenha passado de um sonho... um sonho bom!

....

Talvez eu deva esperar para ver o que o destino quer para mim, ou para nós no caso

Diário, não contes a ninguém

Talvez pela décima eu esteja a criar um cantinho para escrever qualquer coisinha que a minha cabeça queira soltar!
E começou assim..............
Era eu uma miúda, como qualquer outra , que cada vez que entrava numa loja queria um diário , daqueles cor-de-rosa, cheios de frufrus, talvez fosse só pela graça que eles tinham, podia até ainda ter uns três vazios em casa, mas achava eu que fazia sempre falta! E não é que fizeram mesmo? 
Ensino Primário e andava eu já cheia de crises (mal sabia o que havia no futuro) e adivinhem quais os maiores problemas? As amizades! Que rapariga nos seus perfeitos 9, 10 aninhos não tem problemas com as amigas?, é o maior drama por tudo! 
Então pois claro, tudo isso teria que ser escrito em algum lugar... seguro! (pensava eu) e é aí que os montes de diários começaram a entrar em acção, tudo era motivo para escrever ou como dizia eu "Contar ao diário". 

E no final de cada folhinha colorida e perfumada dizia sempre "Diário, não contes a ninguém" . 

São pequenos pormenores da nossa infância que nos fazem criar projetos no futuro, e aqui estou eu!
Prazer, Marta !
16 anos feitos em pleno Março mais precisamente dia 21.

E por enquanto é o importante a saber . Não pretendo ter momento marcado para aqui escrever , afinal os nossos pensamentos não têm hora marcada, (ou pelo menos ele nunca me avisou) .