O eu que sempre quis ser não é, sem dúvida, o mesmo que estou a viver. E ainda bem. Quando era mais nova, digo, pela altura do secundário, tinha muitos sonhos, um deles é que queria ser cantora. Quem me conhece dirá, que isso realmente jamais passaria de um sonho. Porque não canto bem nem algo que se assemelhe, mas com aquela idade eu não entendia isso. Eu gostava de cantar e era o suficiente. E não era? Realmente era. Mas eu não sabia. Não digo com isto que eu deveria ter seguido a área da música, porque agora eu dou graças por não tê-lo feito. Mas ninguém me pode dizer que não daria. Eu gostava do que fazia, e eu tinha um sonho. Se se ia realizar ou não, só todas as etapas da vida me poderiam mostrar, não deveriam ter sido as pessoas a anular essa possibilidade. Nunca devem ser outras pessoas a anular possibilidades que devemos ser nós a decidir.
O eu que queria ser era alguém muito independente. Alguém capaz de fazer qualquer coisa, sem depender, ou sem, de alguma forma, sentir a necessidade de ter uma pessoa ao lado. E sabem que mais? Isso é o oposto de quem sou hoje. Considero que consigo desenvolver as minhas ideias sozinha, mas afirmo que saem muito melhor se forem feitas com alguém do meu lado. Porque eu sinto falta de pessoas, eu preciso de pessoas e eu amo pessoas. E quando era mais nova diziam-me que eu tinha que me habituar a não ter ninguém para estar lá e ajudar-me. É isso que realmente devemos ser? Pessoas que não precisam de pessoas? Isso não nos torna independentes, torna-nos solitários. E isso é muito diferente.....muito diferente.
O eu que queria ser era alguém capaz de mudar pequenas coisas que fazem grandes diferenças. E eu tenho conseguido. Porque aprendi a ser surda ao que muitos me diziam. Aprendi a tapar os ouvidos quando me diziam que somos uma gota no oceano e que por muito que queiramos mudar alguma coisa no mundo, é difícil e quase impossível. Só é impossível se não nos levantarmos e começarmos a agir.
Não deixes que alguém dite o que é possível ou não na tua vida. Não deixes que apaguem um sonho só porque não o vêm em ti. Se tu vês, luta por ele e descobre por ti mesmo se é o que realmente queres ou não. O eu que queres ser, pode não ser aquele que realmente vais ser, mas que não seja porque alguém te disse que não conseguirias, ou que não era para ti .